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Sofrônio Patriarca de Jerusalém


Introdução

Sofrônio foi patriarca de Jerusalém em um dos momentos mais críticos da história da cristandade. Sua vida e doutrina foram marcadas pela defesa da fé ortodoxa contra o Monotelismo, uma doutrina que alegava que Cristo possuía apenas uma vontade. Além de seu papel teológico, Sofrônio testemunhou a conquista muçulmana de Jerusalém e negociou a rendição da cidade ao califa Omar em 637. Este artigo explora sua vida, doutrina e impacto histórico.

O Contexto Histórico

No século VII, o Império Bizantino enfrentava desafios tanto internos quanto externos. Internamente, havia disputas teológicas sobre a natureza de Cristo, especialmente entre os defensores do Diofisismo (que afirmavam que Cristo tinha duas naturezas e duas vontades) e os Monotelistas (que sustentavam que Cristo tinha uma única vontade). Externamente, o império estava ameaçado pela expansão do Islã, que avançava rapidamente pelo Oriente Médio.

Sofrônio, nascido provavelmente em Damasco, tornou-se monge e desenvolveu uma forte reputação como teólogo e escritor. Ele viajou extensivamente, estudando e defendendo a ortodoxia cristã, até ser nomeado Patriarca de Jerusalém em 634.

A Defesa Contra o Monotelismo

Sofrônio foi um dos mais firmes opositores do Monotelismo, uma doutrina promovida pelo Patriarca Sérgio de Constantinopla e apoiada pelo imperador Heráclio. Ele argumentava que a crença em uma única vontade em Cristo comprometia sua verdadeira humanidade, tornando sua obediência ao Pai uma mera formalidade e não um ato genuíno.

Seus principais argumentos contra o Monotelismo incluíam:

  1. Fidelidade à Tradição Calcedoniana: O Concílio de Calcedônia (451 d.C.) já havia estabelecido que Cristo possuía duas naturezas, e cada natureza deveria manter sua própria vontade.
  2. Plena Humanidade de Cristo: Sofrônio insistia que negar uma vontade humana em Cristo significava negar sua plena humanidade, algo essencial para a redenção.
  3. Harmonia das Duas Vontades: Para ele, as duas vontades de Cristo não estavam em conflito, mas trabalhavam em perfeita unidade, garantindo sua fidelidade tanto à humanidade quanto à divindade.

A Conquista Muçulmana de Jerusalém

Enquanto Sofrônio defendia a ortodoxia cristã, um evento ainda mais devastador estava prestes a acontecer: a conquista muçulmana de Jerusalém. Em 636, as forças muçulmanas, lideradas por Calid ibn al-Walid e sob as ordens do califa Omar, derrotaram o exército bizantino na Batalha de Yarmouk. Sem apoio militar suficiente, Jerusalém ficou isolada e vulnerável.

Em 637, após um cerco prolongado, Sofrônio percebeu que a resistência era inútil e negociou a rendição da cidade. Ele conseguiu garantir termos relativamente favoráveis, incluindo a proteção dos cristãos e a manutenção dos locais sagrados sob condições de pagamento de tributos.

Segundo a tradição, foi o próprio Sofrônio quem recebeu o califa Omar na cidade, levando-o à Igreja do Santo Sepulcro. Omar, respeitoso com os cristãos, orou do lado de fora da igreja para evitar que os muçulmanos a convertessem em uma mesquita.

O Legado de Sofrônio

Sofrônio faleceu pouco depois da conquista de Jerusalém, provavelmente em 638. Seu legado inclui:

  • Defesa da Ortodoxia Cristã: Seu combate contra o Monotelismo foi fundamental para a rejeição dessa doutrina no Terceiro Concílio de Constantinopla (680-681 d.C.).
  • Escritos Teológicos e Hinos: Ele escreveu importantes textos teológicos e litúrgicos, muitos dos quais ainda são usados na tradição cristã oriental.
  • Negociação Pacífica com os Muçulmanos: Sua condução da rendição de Jerusalém evitou destruição e perseguição em larga escala, garantindo que a cidade permanecesse um centro religioso vital.

Conclusão

Sofrônio, Patriarca de Jerusalém, viveu em um período de intensas mudanças políticas e religiosas. Sua defesa intransigente da fé cristã contra o Monotelismo ajudou a preservar a doutrina da Igreja, enquanto sua liderança na rendição de Jerusalém permitiu a continuidade da presença cristã na cidade. Seu legado ainda ressoa na teologia cristã e na história da Terra Santa, sendo lembrado como um defensor da ortodoxia e um hábil negociador em tempos turbulentos.


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